quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Conteúdo transmidiático e consumo de mídias.

As cobiçadas audiências mudam sem parar. Até quando alguns publicitários vão insistir em utilizar as mesmas estratégias?

“Passamos mais tempo consumindo mídias no mundo ocidental do que fazendo qualquer outra coisa (até dormir)”, afirma Faris Yakob, ex-planner da Naked, atual Chief Technology Strategist da McCann Erickson de Nova York. Ele é o criador do blog Talent Imitates, Genius Steals (http://farisyacob.typepad.com) e autor da excelente apresentação do livro Cultura da Convergência, lançado no Brasil pela Editora Aleph, no final de 2008. Escrito pelo professor Henry Jenkins, co-fundador do MIT Comparative Media Studies Program, o livro traça um painel sobre o consumo de mídias, marcas e produtos no mundo contemporâneo através da criação de experiências de envolvimento, de participação e de interação do público com eles.

“As velhas mídias não morreram. Nossa relação com elas é que morreu.”, avalia Mark Warshaw, escritor, produtor e diretor californiano, especialista no desenvolvimento de conteúdo transmidiático para anunciantes como Ford, Volkswagen e Johnson & Johnson. Tanto Yacob quanto Warshaw colaboram com o blog Os Alquimistas Estão Chegando (www.oalquimista.com) e abastecem a rede com questões instigantes e oportunas sobre as antigas e novas formas de produção e de consumo midiáticos.

TV, rádio, jornal e muitos outros meios inventados há décadas continuarão existindo e sendo procurados pelas audiências. Não deixaremos de buscá-los, mas estabeleceremos, cada vez mais, novas formas de relacionamento com eles. No livro Cultura da Convergência, Warshaw propõe que a nova era das mídias apresenta grandes oportunidades. E que nos restam apenas três opções: ignorá-las, temê-las ou aceitá-las. Complementando seu ponto de vista, acredito existir uma quarta possibilidade: aproveitá-las. E, com isso, gerar mais e melhores negócios para nossos anunciantes e mais e melhores conteúdos para as nossas audiências.

As mídias interativas tendem a se tornar ainda mais participativas. Novos níveis de envolvimento do público, principalmente dos fãs, estão sendo atingidos para formar laços mais fortes com os conteúdos e, por consequência, com as marcas. As fronteiras entre espectadores e produtores estão cada vez mais indefinidas e não adianta fazer de conta que as formas de consumo de mídia no mundo atual não mudaram radicalmente. É prudente e, com certeza, bem mais interessante estar entre os aliados a elas.

No Brasil, especialmente no Nordeste, a produção de conteúdo transmidiático para as marcas ainda é incipiente. Na minha opinião, o fato do nosso país não ser representado por nenhum jurado na categoria Titanium, no próximo Festival de Cannes, sinaliza a imaturidade brasileira nessa área. Falar de convergência não significa, como esclarece Jenkins, tratar de uma caixa preta que conteria todas as mídias reunidas num único suporte. Mas, sim, falar de um novo jeito de se relacionar com o conhecimento, com as informações e com os conteúdos. “A convergência envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na forma de consumir os meios de comunicação”, afirma o criador do site www.henryjenkins.org.

Convergência, inteligência coletiva e participação são conceitos que fazem parte do dia-a-dia da maioria dos consumidores e cidadãos, não podendo ser ignorados por mais ninguém, muito menos pelos profissionais que detêm o poder sobre as estratégias de comunicação e marketing das empresas na atualidade. Afinal, como propõe o mais recente filme institucional da Tim, criado pela Neogama, “toda banda larga sera inútil se a mente for estreita”.


Izabela Domingues é publicitária e jornalista. Coordenadora da Pós-Graduação em Estudos do Consumo das Faculdades Barros Melo/ Aeso (PE). izabeladom@hotmail.com

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